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[RESENHA] Nunca Olhe Para Dentro - Amanda Ághata Costa

16 fevereiro 2018

Hey, pessoas!

Faz algum tempo que não trago resenhas no blog pra vocês (aliás, faz algum tempo que não escrevo nada por aqui), e por isso nada melhor do que retomar os trabalhos com o mais novo lançamento da nossa parceira Amanda Ághata Costa, um livro que vai te arrancar lágrimas e sorrisos e deixar seu mundo muito mais colorido. Conheçam e se apaixonem por Nunca Olhe Para Dentro!

Nunca Olhe Para Dentro

TÍTULO: Nunca Olhe Para Dentro
AUTOR:
Amanda Ághata Costa

EDITORA:
Amazon

NÚMERO DE PÁGINAS:
482 páginas

COMPRE NA AMAZON

SINOPSE: 
Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os pais em um acidente de carro aos oito anos, a única coisa que Betina precisa fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora, longe dos pincéis e das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por uma inesperada decepção.

     

Um acidente trágico marcou a vida de Betina pra sempre e definiu seu destino. Depois de perder os pais, a pintora prodígio de Ostala vai morar com Cecília, sua tia. O que ninguém poderia imaginar é que Cecília está longe de ser uma proteção para Betina: a mulher faz tudo que pode para deixar claro seu ódio pela menina, inclusive lhe tirar o que ela mais ama, a pintura. Violência e ameaças são constantes na vida da garota, e tudo que ela quer agora é se manter distante de tudo isso para, enfim, conseguir desvendar a verdade por trás da morte de seus pais. Em meio a todo esse caos em que Betina se encontra, um ponto de equilíbrio aparece quando ela conhece Nicolas, um médico atencioso e compreensivo pelo qual Betina se vê completamente envolvida. Mas coisas importantes estão em jogo, e esse amor vai ser posto à prova. Agora, Betina precisa lutar pra que Nicolas, aquele que dá cor a sua vida, continue pincelando alegria e felicidade nos seus dias, apesar de tudo.

Que eu sou fã do trabalho da Amanda vocês já sabem e que A Escolhida é meu livro preferido também não é novidade pra ninguém. O que vocês não imaginam ainda é que esse é um livro totalmente diferente do primeiro escrito pela autora, não só no gênero, mas também nos temas que aborda e nos personagens que apresente. NOPD é intenso, profundo e real, tão real que dói ler cada linha ali escrita. Narrado em primeira pessoa, o livro nos faz conhecer a vida de Betina desde sua infância até a convivência com Cecília, turbulenta e cheia de conflitos. Nada é poupado do leitor: Amanda traz uma história envolvente e crua, que prende o leitor do início ao fim, mas nem por isso deixa de ser angustiante e triste. Se eu tivesse que escolher apenas um adjetivo para caracterizar NOPD seria esse: doloroso.

Betina é nossa protagonista e também a narradora do livro. É a partir do seu ponto de vista que conhecemos a história, e essa foi uma escolha inteligente da Amanda, visto que existem coisas e momentos que apenas a própria Betina poderia descrever. No livro, temos duas versões da garota: um delas, alegre e divertida, apaixonada pela vida e sonhadora, aparece em uma pequena parte, em raros momentos, mas encanta e nos faz gostar dela logo de cara; a outra versão, frágil, cheia de dor e com anseio de justiça é a que nos acompanha na maior parte da trama, e essa Betina me assusta, simplesmente porque não deveria existir. Betina é completamente apaixonada pelas cores, mas elas deixaram de fazer parte da sua vida a partir do momento que seus pais se foram. A garota não consegue se desligar desse acidente, nem ao menos entende porque continuou viva. A sombra da injustiça a persegue, e as ameaças de Cecília, que faz questão de demonstrar a todo tempo que ela não vale nada e que tudo que sente por ela é ódio e rancor, tornam insuportável a vida dentro do próprio ambiente que ela deveria chamar de lar. Apesar disso, bem lá no fundo, em alguns momentos, conseguimos vislumbrar a Betina cheia de luz e cores, e esses são os melhores momentos do livro. A protagonista é uma personagem marcante pela sua força e persistência, apesar das adversidades em seu caminho. Sua história serve de inspiração pra todos.

Nicolas é o par romântico de Betina e também aquele tipo de cara que toda garota sonha encontrar. Muito mais do que um rostinho lindo, Nic é inteligente, engraçado e completamente dedicado à garota que ama (Betina, no caso). Compreensivo ao extremo e muito paciente, é Nicolas que ajuda Betina a enxergar as cores que ainda faziam parte da sua essência, e é junto dele que a nossa protagonista vai se redescobrir viva e cheia de sonhos por realizar. O amor entre eles é construído aos poucos e nós, leitores, conseguimos acompanhar cada etapa dele, cada defesa da Betina ruindo perante a delicadeza e cuidados de Nicolas. O desenvolvimento dessa relação de doação e entrega é uma das coisas mais bonitas do livro inteiro, e é impossível não se emocionar com as cenas entre os dois. Juntos, eles ajudam um ao outro a descobrir que a vida pode ser mágica, colorida e linda novamente, se tu simplesmente se permitir viver.

Paola e Caio são os melhores amigos da Betina e os responsáveis pela grande maioria dos momentos hilários e cômicos do livro. Espontâneo, Caio é o senhor das piadas em momento inoportunos e rei dos apelidos mais icônicos que alguém poderia pensar. Paola é decidida, forte e sem medo de expressar sua opinião em todas as situações, doa a quem doer, e essa sinceridade toda que acaba nos envolvendo. Juntos eles formam a dupla dinâmica sempre pronta pra tirar Betina dos momentos mais difíceis e dar um pouco de alegria à menina. A amizade que existe entre os três é um dos sentimentos mais palpáveis e reais do livro, dá pra notar que eles estão um ao lado do outro em qualquer ocasião, prontos pra se apoiar e se ajudar mutuamente. Betina, Paola e Caio são o exemplo de como o carinho e a amizade pode unir três pessoas tão diferentes e transformá-las em uma só, sempre dispostos a lutar e enfrentar o mundo pelo outro.

Cecília é a personagem mais odiável que vocês puderem imaginar. Pensem na madrasta da Cinderela e agora multipliquem toda essa maldade por um número infinito de crueldade, e vocês chegarão perto de entender quem é a tia da nossa protagonista. Rancorosa e até um pouco sádica, Cecília é a junção de tudo que há de pior num ser humano: sua vida é cheia de vazios, seu coração é oco, e ela desconta toda a mágoa e negatividade em cima da sobrinha, a pessoa que ela mais odeia no mundo. O pior disso tudo é que em nenhum momento ficamos sabendo de um motivo plausível para tudo que ela sente pela Betina, ela simplesmente não suporta a garota, e é isso. Não que as atitudes de Cecília sejam justificáveis de alguma forma, mas saber que ela faz tudo isso por maldade pura e simples deixa tudo ainda mais perturbador. Alguns de vocês podem, apesar de tudo, sentir pena de Cecília, pela vida fútil que ela leva, pelo fato de ela não ter ninguém que fique do seu lado porque realmente a ama. Mas acreditem: a Cecília não merece nada disso. Ela é má, no pior e mais cruel sentido da palavra, e nada mudaria isso. Faz parte dela, está na essência do seu ser, e essa é a parte mais triste da história da megera.

NOPD tem uma linguagem poética e sutil, cheia de metáforas e alegorias, a maioria relacionada às cores, que guiam a vida da nossa protagonista. Esse é o tipo de escrita da Amanda, desde A Escolhida, mas em Nunca Olhe Para Dentro essa linguagem se torna peça fundamental do livro, porque ela ajuda a tratar de um tema nada fácil, com a delicadeza e cuidado que o assunto merece: violência doméstica. Todas as ameaças e agressões físicas sofridas por Betina ocorrem dentro da casa, que deveria ser seu lar, e são cometidas por sua tia, a pessoa que devia zelar pela sua felicidade bem-estar. O ponto alto de NOPD é trazer à debate, de forma branda, mas consistente, um tema tão importante e atemporal como esse. Em cada cena de violência, nosso coração diminui um milímetro mais, nossas mãos suam e, em vários momentos, eu precisei parar a leitura, porque as lágrimas não me deixavam mais continuar a ler. É impossível não se sentir tocado pela história da protagonista e imaginar quantas Betinas existem por aí, bem à frente dos nossos olhos, passando muitas vezes despercebidas porque não prestamos a devida atenção, ou simplesmente não queremos enxergar. O livro é muito mais do que uma forma de resistência: é um choque de realidade necessário e explícito, que nos aterroriza e faz refletir ao mesmo tempo não só sobre as atitudes desse tipo de agressor, mas também sobre as nossas próprias ações frente a essas situações.

NOPD foi disponibilizado pela Amanda em formato de e-book, mas eu confesso que isso não atrapalhou em nenhum momento a leitura. A fonte é agradável aos olhos e não cansa o leitor, eu li o livro inteiro em dois dias, mas quando acabou eu queria mais. É assim que eu sei quando o livro é incrível: ele sempre me deixa querendo mais. Apesar de toda a angústia, de toda a tristeza e dor que eu senti durante a leitura, as cores da Betina, que ela esconde até de si mesma, te contagiam de formar verdadeira e irreversível, e é difícil largar o livro antes da última linha e não sentir saudades da história depois.

Ao final dessa resenha, acho que eu posso classificar NOPD como um grito: um grito de socorro, um grito de resistência, um grito de luta, um grito, enfim, de amor e solidariedade. Com a Betina, aprendemos que, independente de toda a escuridão que nos cerca, sempre haverá uma cor com a qual pintarmos nosso mundo. Amanda mais uma vez nos pega de surpresa com um livro cheio de sentimentos e capaz de despertar as mais fortes sensações. Porque Nunca Olhe Para Dentro é exatamente isso: uma caixa de emoções, de surpresas, de afirmações e encontros, mas, acima de tudo, uma caixa de lembranças, lembranças da Betina, que nos conduzem por essas páginas e nos mostram um mundo fictício e ao mesmo tempo real, distante e ao mesmo tempo tão próximo. Um mundo no qual nós podemos agir, devemos agir, para transformar o cinza em vermelho e espalhar esperança e amor, independente da dificuldade que encontrarmos pelo caminho. Com NOPD, aprendemos, enfim, que a vida é uma tela em branco, e cabe a nós pintá-la com todas as cores possíveis, de todas as maneiras que pudermos imaginar.

Se curtiram a resenha, vocês vão amar ainda mais o livro! Ele está disponível na Amazon e eu deixei o link no comecinho da postagem. Corram lá e depois me contem o que acharam! Até a próxima, viajantes!

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