Curta!

[RESENHA] Trevas - J. Modesto

10 julho 2018

Olá, pessoas! Hoje é dia de resenha e eu venho apresentar pra vocês mais um livro recebido em parceria com o autor J. Modesto. Trevas é um livro de J. Modesto, cheio de ação, aventuras e criaturas sobrenaturais. Neste post vocês vão conhecer as minhas impressões sobre a leitura e um pouco mais da história do livro. 

Trevas

TÍTULO: Trevas
AUTOR: J. Modesto
EDITORA: Giz Editorial
NÚMERO DE PÁGINAS: 288 páginas
COMPRAR
SINOPSE: O Sol ardente contribuía para irradiar a luz própria das igrejas da Cidade do Vaticano. Cenário ideal para uma misteriosa conversa entre o Cardeal Giglio e Sua Santidade, o Papa. Diante de um secreto dossiê, o Papa dá carta branca ao cardeal, para combater o Mal com o Mal. Perante tal contexto, não se iluda o leitor que está diante de uma mera ficção religiosa. O autor, J. Modesto reuniu neste livro suas diversas cenas de terror e suspense, e que, de forma inteligente contextualizou-as no submundo do tráfico de entorpecentes de São Paulo e Rio de Janeiro. Lugar no qual o bem e o mal, o certo e o errado, confrontam-se diariamente, mas do que se possa imaginar. Com esta mistura engenhosa de realidade e ficção, o leitor se depara freqüentemente com a dúvida do que é ou não real.

    

Paulo é um homem destemido e persistente, movido por um desejo de vingança muito grande, desde que perdeu sua família em um ataque, promovido pela máfia que controla todas as esferas de poder em São Paulo. Munido de um disfarce e muita coragem, o homem tenta a todo custo prejudicar os negócios dos bandidos e eliminar quantos criminosos for possível. Samuel Macuco é o grande chefe do crime organizado e nenhuma decisão será acatada se não passar por ele, o que faz de Macuco, portanto, o alvo principal de nosso vingador mascarado. Acontece que seus ataques à rede já foram detectados por Samuel, que agora não medirá esforços para destruir o principal motivo da crise em seus “negócios”.

Giuseppe Giglio é um cardeal que serve diretamente ao Papa no Vaticano. Pela importância de sua função e pela lealdade demonstrada, ele foi o encarregado de uma missão fundamental para a manutenção da paz e da ordem dentro da Igreja e entre o povo: encontrar e extinguir um demônio há muito tempo aprisionado dentro de uma Pedra Elemental, que agora perambula pelo nosso país em busca de domínio, poder e destruição. Para esta tarefa, a Igreja uniu-se a um aliado pouco ortodoxo e nada previsível: o vampiro Jean, maior inimigo e oponente do monstro. Juntos, Giglio e Jean travam uma árdua procura pelo demônio, para então mandá-lo de volta para o lugar do qual ele nunca deveria ter saído.

Trevas foi uma das leituras mais gostosas que eu fiz nos últimos tempos. Encontrei vários pontos dentro da narrativa que me chamaram atenção e um deles foi a escrita do autor. Leve e fluida, a forma de narrar de J. Modesto tem o poder de colocar o leitor dentro da trama, como uma personagem efetiva do elenco. O mais interessante é que as informações não são dadas ao público como um todo: ao longo da narração, o leitor age como um caçador em busca de pistas, que juntas formam o quebra-cabeça a ser montado para a construção do enredo. Dessa maneira, nós, que estamos acompanhando a história, descobrimos tudo ao mesmo tempo que as personagens, o que possibilita vários sentimentos distintos durante a leitura: surpresa, tristeza, raiva, compaixão, angústia, medo, todas essas sensações passam das páginas para a vida real, e fica difícil largar o livro antes de saber o que realmente acontece no desfecho da narrativa. A linguagem acessível utilizada pelo autor foi um dos aspectos que tornou a leitura ainda mais agradável, dando ao leitor os meios para se inteirar da história das personagens e compreender suas ações, por mais estranhas ou controversas que elas sejam.

É importante ressaltar que, ao longo da narração de Trevas, J. Modesto nos apresenta a várias personagens, cujas histórias se desenrolam ao mesmo tempo. O livro é narrado inteiramente em terceira pessoa, sendo o narrador o responsável por conduzir o leitor dentro desses enredos paralelos que compõem o livro. Esse foi um aspecto que me confundiu no início, mas conforme a leitura avança, tudo se encaixa em seu devido lugar e o público consegue definir a trajetória particular de cada protagonista. Eu particularmente achei uma jogada muito inteligente do autor construir essa verdadeira teia de narrativas distintas, principalmente porque ele conseguiu algo muito difícil de se fazer: todas as histórias, em algum momento, se entrelaçam e fazem sentido juntas, dando ao livro uma complexidade e riqueza ainda maiores.

Na minha opinião, apesar de não estar explicitamente dividido dessa maneira, o livro tem duas partes bastante distintas: na primeira, o autor se dedica a apresentar ao leitor as personagens, suas motivações e objetivos e o cenário que envolve a narrativa. Obviamente, esta parcela introdutória do livro é bastante descritiva e não contempla muita ação. Já na segunda metade da narração, com o leitor já inteirado sobre todos os aspectos importantes do enredo, a leitura flui ainda mais rápido e os acontecimentos se sobrepõem uns aos outros, deixando pouco tempo para que o público respire entre uma ação e outra. Acredito que essa suposta divisão foi uma escolha acertada do autor. Ela permite ao leitor entender as atitudes das personagens e conhecê-las mais profundamente, bem como ao mundo ao qual elas pertencem.

Outro fator que não poder passar despercebido nessa resenha é o fato de Trevas ser um livro com diversos protagonistas. O elenco de personagens é relativamente grande, e eu confesso que não consegui classificar nenhum deles como secundário. Todos, na minha opinião, têm um papel bastante definido dentro das tramas do livro e um porquê de estar ali. Isso foi o que mais me conquistou neles. J. Modesto construiu todos de maneira bastante transparente e ao mesmo tempo muito complexa: Paulo é um jovem que não consegue superar a perda da família e todo esse rancor pelos responsáveis é o que o torna implacável. Mas, junto dessa suposta inteligência invencível, existe uma obsessão que move suas ações e determina seu destino, o que o deixa, de alguma maneira, preso a essas pessoas que tanto despreza. Samuel Macuco é um líder nato, mas também exigente, que não perdoa falhas e não tolera ser desobedecido. Seus capangas pagam com a vida qualquer erro que cometem e Macuco não tem medo de usar seu poder para conseguir o que quer e levantar ainda mais seu império. Macuco é uma personagem bastante dúbia para mim, uma vez que, apesar de odiá-lo por muitos motivos, por muitas atitudes cruéis e sádicas que ele toma, ao longo do livro conhecemos sua história, e fica difícil não sentir um resquício de compaixão por ele. 

Giglio nos é apresentado como um homem de fé inabalável, capaz de qualquer coisa para proteger a Igreja que ele tanto defende. Inteligente e culto, a personagem se vê constantemente em um conflito interno por conta da aliança que precisou fazer para cumprir a missão que lhe foi dada, aliança essa que vai contra todos os princípios que aprendeu ao longo da vida como cardeal. Jean, ao contrário, é uma personagem extremamente carismática e, diferente da maioria dos vampiros, não muito misteriosa: tudo que ele deseja é exterminar o demônio que já tirou tanta coisa de sua vida, e ele não vai medir esforços e muito menos deixar os escrúpulos atrapalharem nesta vingança. Suas falas carregadas de ironia e sarcasmo rendem bons momentos ao longo do livro. Maria é uma voluntária na Igreja onde Paulo se refugiou por algum tempo após um embate com os criminosos que persegue, e acaba se tornando uma das personagens mais cativantes de todo o elenco. Valente e decidida, a mocinha está longe de ser uma das donzelas em perigo que costumamos encontrar: ela sabe muito bem se defender e cuidar de si mesma, apesar de seus momentos de medo e receio. Bondosa e perspicaz, se transforma em uma figura indispensável ao desfecho da narrativa.

Um dos aspectos que eu mais curti ao longo do livro foi a mistura que o autor fez entre ficção e realidade em sua narrativa. Ao mesmo tempo em que temos criaturas sobrenaturais que só existem dentro de livros fictícios, temos também datas, espaços e acontecimentos que realmente fazem parte do nosso mundo e que são facilmente reconhecidos por nós ao longo da leitura. Essa fusão entre dois elementos tão contrastantes e, paradoxalmente, tão complementares entre si é a grande responsável pela veracidade intrínseca à história. Em união às personagens extremamente críveis, com defeitos e qualidades com as quais o leitor pode facilmente se identificar, a junção entre o real e o ilusório dá o tom verossímil do livro, enriquecendo ainda mais uma trama já bastante trabalhada e pensada em seus mínimos detalhes.

Com relação à diagramação do livro, eu gostei muito do trabalho feito. A capa nos remete bastante a um livro de fantasia, que é o principal gênero utilizado pelo autor para a construção desta narrativa. As páginas são amareladas e a letra tem um tamanho agradável, o que colabora no processo de leitura rápida e fluida. Se tiver que apontar um possível defeito no livro, seria alguns erros de pontuação que encontrei no decorrer da leitura, mas isso não foi sério a ponto de prejudicar a história em parte alguma.

Trevas é um livro que vai agradar a muitos tipos de leitores: se você curte perseguições, muita ação e um esquema de mocinho e bandido em combate, esse é o livro pra você; se quiser fantasia, criaturas lendárias e batalhas, esse é também o livro pra você; e se desejar aventuras, cheias de adrenalina e momentos tensos e decisivos, esse é, ainda mais, um livro indicado pra você. J. Modesto conseguiu, em poucas páginas, mostrar o valor de um trabalho de pesquisa bem feito, de uma preocupação em juntar todas as pontas da sua história e de dedicar-se para envolver e entreter o leitor. O resultado foi uma narrativa instigante, apesar de simples, que prende do início ao fim. 

E vocês, já conheciam o autor ou o livro? Me contem tudo nos comentários! Até a próxima, viajantes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário