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[RESENHA] A Estranha Mente de Seth - Alana Gabriela

14 janeiro 2017

Hey, pessoas!

A resenha de hoje traz para você todo o mistério e personalidade de Seth Richards, em A Estranha Mente de Seth, da nossa autora parceira Alana Gabriela!

A Estranha Mente de Seth

TÍTULO: A Estranha Mente de Seth
AUTOR: Alana Gabriela
EDITORA: Autografia
NÚMERO DE PÁGINAS: 146 páginas
SINOPSE: Em 1914 dá-se início a um conflito de proporções inimagináveis que marcou para sempre a história da humanidade. A I Guerra Mundial. A barbárie e a violência desse embate destruiu uma geração inteira de poetas, artistas, escritores, músicos, de inventores e atletas. Foram mais de 19 milhões de vidas ceifadas, entre soldados e civis. Homens, mulheres e crianças que viram suas vidas e famílias destruídas pelos horrores das bombas, tiros e gases tóxicos. Tudo isso foi resultado de uma série de fatores que colapsaram as estruturas políticas da Europa no Início do Século XX, mas teve como estopim o atentado que levou à morte do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-húngaro, e sua esposa em 28 de Junho de 1914 em Sarajevo. O homem que o matou chamava-se Gavrilo Princip. Um jovem engajado em uma luta revolucionária e membro do grupo terrorista Mão Negra. Os tiros deflagrados por ele acenderam o pavio de uma bomba que estava prestes a explodir. O que se escondia por trás da mente desse homem? Quais segredos, paranoias ou dilemas ele viveu até aquele momento? Neste livro, Seth Richards, um jovem que em um universo fictício e em um tempo mais recente serve como um espelho do que imaginei como sendo a mente do algoz de Francisco Ferdinando. Dessa forma podemos viajar entre o brilhantismo e a psicopatia desse personagem enigmático e sombrio. Poderemos viver junto com Seth Richards suas dúvidas entre as alucinações e a realidade, entre o conformismo e a revolução, entre o amor platônico e a violência da paixão. Seth R. é um jovem extremista, um pensador que vive entre aulas matinais na faculdade e noites de treino numa sociedade clandestina e assassina em Vojerasa. Seth tem duas obsessões que controla com frieza e paciência: manter Lauren, seu amor platônico e sôfrego, pura para sempre e matar o conde Luendres Marquez. Tudo foi planejado. Ele tem um plano perfeito. O mártir perfeito em quem se apoiar. Seth fará o impensado e causará a Primeira Grande Guerra.

    

A Estranha Mente de Seth nos conta a história de Seth Richards, um garoto aparentemente comum, morador de Kentauk, agora sobre a tirania do governo de Birron, que implementou impostos abusivos, dificultando a vida de todos no povoado.  Mas Seth não é um jovem comum: é um revolucionário. Membro do grupo terrorista Face Negra, segue os preceitos de Antoine Latos, um dos primeiros terroristas do século, e também o maior ídolo de Seth. No livro, acompanhamos a trajetória do garoto até culminar em um ataque contra o governo, suas relações pessoais, os eventos que marcaram sua vida e os pontos altos e baixos dela. Entramos na mente de Seth, para compreender como, do ponto de vista do jovem, conceitos como liberdade, resistência e direitos são importantes à vida.

Em A Estranha Mente de Seth, Alana Gabriela nos dá uma aula de história: todo o enredo foi composto a partir da paixão da autora por eventos históricos marcantes e pela história real de Gavrilo Princip, homem responsável pela morte do arquiduque Franz Ferdinand, acontecimento desencadeador da primeira grande Guerra Mundial. Essas informações só são passadas ao leitor ao fim do livro, e, para um leitor como eu, que até então desconhecia a história, o livro se divide em duas partes: aquela em que eu mergulho na mente de um terrorista fictício, representado pelo personagem Seth Richards, e o momento em que descubro (e me surpreendo) com a forma como a realidade foi inserida dentro da trama, embasando toda a história. O mais interessante é que sim, o livro é envolvente por si só, e as informações finais apenas nos fazem reconhecer a sagacidade e inteligência da autora, capaz de recontar um evento real tornando-o diferente e, ao mesmo tempo, fazer uma fotografia daquilo que realmente aconteceu e nos inserir dentro da própria história.

O protagonista é um dos mais fortes que já conheci. Como o livro é escrito sob a perspectiva dele, temos toda a visão de Seth permeando os acontecimentos narrados, o que realmente abre ao leitor a possibilidade de conhecer e mergulhar ao fundo na mente do jovem. Isso acaba tendo dois resultados: nos conduz a uma narrativa parcial, totalmente contrária ao governo, e nos torna capazes de reconhecer o caráter e a personalidade da personagem profundamente. E eu confesso que a mente de Seth é um labirinto complexo e extremamente interessante: o garoto tem opiniões sobre todos os assuntos possíveis, e não existe espaço em seu cotidiano para conversas fúteis. Todo detalhe de sua narração tem importância, e é preciso uma atenção redobrada para decifrar cada pista que ele deixa nas entrelinhas de suas frases.

O grande tema da narrativa, ao contrário do que parece, não é o governo de Birron ou o terrorismo, mas os próprios valores e conceitos defendidos com afinco por Seth Richards e explicitados ao longo de todo o livro. Esses assuntos giram em torno de diversos eixos: relações interpessoais, liberdade, resistência ao governo, abuso de autoridade, sexo, terrorismo e luta pelos ideais. É por conta dessa diversidade de temáticas que o título se torna denso, extremamente difícil de ler, apesar de conter poucas páginas, mas interessante e envolvente, do início ao fim, por trazer à tona nossa própria reflexão sobre estes aspectos que ainda permeiam nossa vida nos dias de hoje, e mais ainda, mudanças dentro de conceitos que achávamos ser imutáveis.

Seth foi um personagem que me deixou em uma eterna contradição durante e após a leitura. Em muitos momentos eu o achava dramático, radical demais, cheio de mágoa e rancor dentro de seu peito, que descontava nos que tinham algum apreço por ele suas frustrações e angústias. Em outros momentos eu conseguia compreender suas atitudes, apesar de não concordar com todas elas, o via como um jovem corajoso e dispostos a lutar para defender seu povo e seu país de tudo e todos. Ao terminar o livro, não posso dizer que admiro suas convicções, seus valores imutáveis ou suas opiniões que não aceitam contradições, mas respeito sua personalidade forte, seu caráter solidificado e sua força em buscar a justiça e a liberdade. E admiro ainda mais a capacidade da Alana de construir uma personagem tão complexa, difícil e extremamente concreto, com temperamento próprio, capaz de saltar das páginas diretamente para nossa mente.

Este foi um dos poucos livros que li em que poucas personagens se destacam além do protagonista. Temos Oliver, amigo de Seth (na perspectiva de Oliver, claro, porque Seth não acredita nesse tipo de convivência ou sentimento), um jovem desinteressado por política, que vive alienado em seu mundo de festa, futilidades e assuntos superficiais; temos os pais de Seth, que são conformados com a situação em que vivem, apesar de possuírem dificuldades visíveis em manter a família e a casa no contexto político no qual se inserem; temos Mary, a professora de Seth, a mulher que se apaixona pelo nosso protagonista e é responsável por encontrar seus escritos que compõem o livro, a única personagem que foi capaz de compreender Seth, até o ponto possível para uma pessoa comum. Nenhuma destas personagens, no entanto, desvia o foco da trama de Seth, que é realmente o vilão e herói de sua própria história.

Um dos pontos que eu acredito serem indispensáveis a serem citados do livro é a escrita de Alana, que mais uma vez me surpreendeu. A autora não conseguiu apenas transportar a história real para o seu enredo, mas também fixar uma voz para a personagem principal, diferente de todas as outras que conheço e cheia de personalidade, que fala por si só. Esse é um dos aspectos mais difíceis na hora de criar um personagem, e um dos que mais determinam o talento e esforço do autor, na minha opinião.

Com relação a diagramação, o livro chegou até mim no formato digital, mas a fonte foi extremamente agradável à leitura. Cada capítulo é adornado por um trecho de uma canção escrita pelo próprio Seth, que corresponde aos acontecimentos que virão descritos pelas páginas a seguir. A fonte dos títulos de cada uma das partes do livro é diferente da do texto em si, e esse é um detalhe que se sobressai. No quesito revisão, não encontrei erros, o que me deixa sempre extremamente satisfeita.

A Estranha Mente de Seth é um livro inesgotavelmente inteligente, fonte de reflexões acerca de todo e qualquer tipo de assunto. Por isso mesmo, é leitura obrigatória para todos os leitores interessados não apenas em história, mas também em engrandecer-se como pessoas, em todos os aspectos que esse amadurecimento envolve. Alana Gabriela mais uma vez surpreendeu, criando uma narrativa intensa do início ao fim, densa, complexa e cheia de personalidade, emanando força de todas as linhas.

E aí, conhecem o livro? Curtiram a resenha? Me contem tudo nos comentários! Beijos! 😙😙

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