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[RESENHA] Dias Febris - Francis Graciotto

19 dezembro 2018

Olá, viajantes!

Em pleno final de ano, as resenhas por aqui andam escassas. Mas como vocês já sabem, o blog conseguiu uma parceria que eu mais que desejava com a Aberst, e fomos sorteados com o livro Dias Febris dessa vez, do autor Francis Graciotto. Hoje eu trago minhas impressões dele pra vocês, e eu já posso adiantar que não consegui largar o livro antes de finalizar a leitura! Como eu amei demais o livro, já vou deixar o link de compra aqui na introdução mesmo: clica aqui e vocês podem conferir por si mesmo o motivo de essa resenha estar recheada de elogios!

Dias Febris
TÍTULO: Dias Febris
AUTOR: Francis Graciotto
EDITORA: Cultura em Letras Edições
NÚMERO DE PÁGINAS: 130 páginas
SINOPSE: A Febre Vermelha surgiu na região de Santos e se espalhou pelo Brasil, uma doença que deixa seus infectados com olhos vermelhos e uma insaciável fome por carne humana. A sociedade rui em questão de dias. Policiais, médicos, bombeiros e até os responsáveis por gerenciar as redes de energia elétrica e comunicações estão ocupados tentando sobreviver e não resta nenhuma autoridade para proteger a população da doença e dos infectados. Em todas as regiões do país, cada um está por conta própria. Estes são os Dias Febris. Em uma coletânea de oito histórias em diversas cidades brasileiras, Dias Febris conta pontos de vista diferentes dos dias que seguem à Febre Vermelha. São histórias individuais, podendo ser lidas antes ou depois do primeiro livro.

    

Dias Febris, como a sinopse já informa, é uma coletânea que reúne oito contos. É importante vocês saberem, antes de tudo, que o universo desses contos é o mesmo que o do primeiro livro do autor, Febre Vermelha (que, aliás, eu já quero ler pra ontem!), mas as histórias aqui, como o próprio autor menciona no Prefácio do livro, são individuais e podem, sim, ser lidas antes da leitura do livro. Elas foram escritas em períodos diferentes e não em conjunto: na verdade, o livro começou com um conto publicado no Wattpad pelo autor, que teve um retorno extremamente positivo por parte dos leitores. A partir daí, as escritas começaram, e o resultado delas é o livro do qual vamos falar hoje.

Antes de me deter em cada um dos contos, preciso dizer o quanto eu me senti envolvida por esse universo criado pelo autor. Que eu sou fã de história de zumbis não é segredo pra ninguém, mas o escritor desse título em específico conseguiu contextualizar de uma forma bastante satisfatória seu mundo. Como vocês já devem ter percebido, esse livro se passa em um cenário quase apocalíptico, onde uma doença chamada Febre Vermelha tem contagiado boa parte da população, fazendo com que todos os indivíduos se transformassem em canibais agressivos e preocupados apenas com uma coisa: comida. No caso, carne humana. Esse é o plot do primeiro livro e também dos contos. Nestas histórias paralelas, o leitor vai encontrar diversas visões acerca da tragédia e de todas as consequências que ela trouxe.

O que eu achei mais interessante, nesse ponto, foi a diversidade de personagens que encontramos aqui. Todos eles são extremamente diferentes, seja em questão de personalidade, de aspirações, de preocupações ou até mesmo de posição social e gostos particulares. Conforme conhecemos suas histórias, somos capazes de diferenciá-los claramente e conseguimos entender o que move cada um deles. É impressionante o bom trabalho feito pelo autor no quesito personagem: a tarefa de criar uma figura única, com sua própria voz e individualidade, que se distingua das demais, não pode ser considerada fácil, mas lendo esses contos o leitor pode ser enganado pela simplicidade com que o autor colocar esse procedimento em jogo. O mais importante é que todas elas, de alguma forma, acabam despertando sentimentos no leitor, sejam eles positivos ou negativos. Isso é responsável por boa parte do envolvimento que a obra suscita no público. Como eu já disse, a cada página lida eu me via tão envolvida que foi impossível largar o livro sem terminá-lo.

O processo que vamos adotar nessa resenha, como há muitos enredos, será o de falar de cada um deles individualmente. Prometo controlar minha empolgação ao máximo pra não dar nenhuma spoiler que possa estragar a leitura de vocês. Eu ia mencionar apenas os contos que mais gostei, mas chegando ao final do livro eu percebi que todos eles me agradaram de diferentes formas, então seria difícil selecionar apenas alguns deles. Se você está lendo essa resenha, só tenho uma coisa a dizer: senta, porque lá vem história!

O livro começa com o conto Lucy. Nele, temos quatro protagonistas: Alex, Thiago, Lara e Lucy, que é apenas mencionada, só sendo apresentada no final do conto. Alex e Thiago são jogadores de futebol e estão em pleno jogo quando a Febre decide agir sobre a torcida, transformando quase todos em doentes ensandecidos por sangue. No meio do tumulto, Alex só consegue pensar em Lucy, que está muito longe dali, sozinha. Depois de perceber que o trânsito estava caótico e ele não conseguiria chegar a Lucy em tempo de tirá-la de qualquer situação de perigo, o garoto decide correr uma pequena maratona para enfim conseguir alcançá-la. O conto acompanha essa saga até Lucy e o final dele é simplesmente o melhor de todos, no meu ponto de vista. Foi por causa dele que eu me senti tão íntima do protagonista, por conta dos detalhes apresentados no desfecho eu entendi toda a aflição e as decisões que ele tomou e me peguei pensando se eu não teria feito exatamente o mesmo.

O conto que segue tem o nome de O Jogo. Ele começa com uma cena na qual temos exata descrição de um jogo de tabuleiro, o Zombicide, que dois amigos adoram e que sempre acaba sendo o programa escolhido por eles quando estão juntos. Essa cena é narrada em terceira pessoa: é como se o autor quisesse realmente inserir o leitor dentro do jogo com os garotos, criando uma experiência submersiva. Obviamente a paz desses dois protagonistas precisaria ser atacada, e aqui ela é arrancada deles de forma extremamente agressiva. Não vou contar como, mas posso dizer que é um dos contos mais surpreendentes, na minha opinião. Eu realmente fui enganada pela cena do jogo, pensando que era esse o enredo principal, e arrebatada por todos os acontecimentos que vieram depois dela.

O próximo conto, Era uma vez em Osasco, traz um protagonista bastante misterioso de início. Movido por um instinto forte de vingança, essa personagem decide ir em busca dos homens que destruíram a ele e a sua família algum tempo atrás. Em paralelo, temos os bandidos: Don e seus capangas. Esses homens estão em plena negociação com um cliente, Pablo, quando o nosso anti-herói secreto decide começar sua carnificina. O que nenhum deles poderia esperar era o final inusitado e assustador que essa história teria. Esse é de longo o conto com mais ação do livro. Eu me senti em uma verdadeira cena de filme, porque tudo foi extremamente bem escrito pelo autor, com detalhes, como se estivéssemos lendo um roteiro de cinema. É impressionante a precisão e a intensidade gradativa que o autor consegue construir ao longo dessas poucas páginas, e o suspense só aumenta ao longo da narrativa. Um dos melhores contos pra mim!

O conto seguinte se intitula O último andar e nos apresenta Tássia, uma importante funcionária dentro de uma multinacional que produzia todo tipo de coisa, de papinha de neném a sabão em pó. O dia que esperava pela moça ia ser cheio, com uma reunião logo cedo, mas os planos de Tássia se desmantelaram assim que ela entrou no elevador com mais três colegas de trabalho. O que aconteceu ali aterrorizou a gerente, tão acostumada a uma rotina programada e imutável, mas o que estava por vir poderia ser ainda pior do que o que ela havia enfrentado. Eu confesso que esse conto é um dos meus queridinhos de todo o livro, ele conseguiu inserir vários temas que eu curto muito em apenas uma história. O final já era esperado, pelo menos por mim, mas ainda assim foi de arrepiar até o último fio de cabelo de qualquer leitor!

No conto Dia do Touro, que segue o livro, tudo gira em torno de uma piada. Sim, isso mesmo: uma piada. O protagonista é um universitário que mora numa república com outros seis garotos no momento em que a Febre Vermelha atinge a cidade de Maringá, onde eles vivem. Tudo muda a partir de então e os garotos são obrigados a encontrarem um modo de sobreviver nesse novo mundo, e o jeito que eles encontram não é nada convencional. Esse é um conto bem curto, mas bastante denso. Ele faz o leitor refletir bastante sobre todos os aspectos do universo contemporâneo e o quanto a falta deles impactaria nas nossas vidas cotidianas, além de abordar um dilema ético bastante contundente quando o assunto é sobrevivência.

Assassinato em Maragogi é o conto que segue a coletânea e nos apresenta a um policial militar, Silveira. Depois de auxiliar em uma tragédia ocorrida em um cargueiro que deixou vários mortos, o protagonista estava em busca de um descanso na casa de seu irmão Breno e da cunhada Paty. Algo o estava incomodando desde o início da viagem, no entanto, algo que viria à tona quando todos menos esperassem, mostrando que a tragédia anterior havia deixado marcas bem maiores do que apenas as memórias. Esse foi um conto que eu li bastante rápido e, apesar de o final não ser imprevisível, mais uma vez eu me peguei chocada com a precisão e detalhamento das descrições do autor. Tudo ganha ainda mais vida a partir das palavras dele, e eu acho isso ótimo, mas bem aterrorizante, só pra constar!

Kasulo é um conto fora da curva, em todos os aspectos possíveis. A cena inicial nos apresenta a protagonista, Júlia, em um dia normal de trabalho. Os instantes seguintes seguem a rotina da garota até uma catástrofe acontecer e ela precisar lutar pela sua vida. Nesse momento somos levados novamente à cena inicial, e tudo parece igual até que o desenrolar do dia da menina fica completamente diferente. Paralelamente, tudo termina exatamente igual. Essa cena inicial se repete algumas vezes, e eu achei essa escolha de narração o máximo, porque mostra ao leitor todas as possibilidades de construção de uma história. Mesmo que elas compartilhem o mesmo final, é impressionante ver a capacidade criativa do autor em ação. Confesso que terminei o conto chocada!

O último conto, O diário de Pietro, na realidade tem um formato diferente de todos os outros: ele é constituído por diários. Diários escritos por Pietro Giovannini, um capitão do Exército Brasileiro destacado para uma missão especial e super confidencial nas ilhas de Trindade e Martim Vaz. Ao longo do conto, acompanhamos a trajetória desse protagonista: desde a descoberta enorme que ele acaba fazendo, até sua perplexidade diante dela, para enfim chegarmos ao fatídico dia em que tudo deu errado pra todos nas ilhas. O mais interessante desse conto é que ele praticamente explica ao leitor o início de tudo, de toda a epidemia mas, em contrapartida, é o enredo que fecha o livro. Achei essa escolha bastante acertada do autor. Ao longo das histórias, o leitor fica à vontade pra formular todas as teorias possíveis sobre essa doença: sua origem, sua possível causa, se existe ou não uma cura. Só chegando ao final dos contos é que entendemos, implicitamente, como tudo chegou onde chegou. E, confesso, o final foi muito satisfatório, na minha opinião, e o conto que fecha o livro não poderia ser outro!

Antes de terminar a resenha, eu preciso falar pra vocês sobre essa diagramação. Eu li o livro no aplicativo do Kindle para celular, e mesmo assim achei a fonte muito confortável à leitura. Além disso, além da ilustração divina da capa, todo início de capítulo acompanhar um desenho que segue o mesmo padrão da capa e que resume, mais ou menos, o enredo do conto que vamos ler a seguir. Essas ilustrações são neutras, dando destaque aos pontos em vermelho que existem em todas elas (bastante sugestivo quando falamos de histórias de criaturas canibais, certo?). Isso, além de dar um charme a mais ao livro, torna ainda mais ricos os contos, cuja linguagem verbal se juntas às ilustrações pra construir um sentido complexo e próprio.

Eu li essa coletânea com um sorriso no rosto desde a primeira página. Eu sei que é estranho falar isso, porque em vários momentos das histórias nada motivava felicidade, mas na verdade meu sorriso teve outro motivo: eu conheci mais um universo fantástico criado por um autor brasileiro super talentoso, e pra mim nada pode ser mais reconfortante e encantador que isso. Se você curte os nossos bons e velhos amigos zumbis, se quer entender como é adentrar um mundo dominado por essas criaturinhas famintas e nada amigáveis, pode chegar porque é sucesso na certa! Até a próxima postagem e uma boa viagem nos livros a todos vocês!

[DIVULGAÇÃO] Vampiresa - J. Modesto

12 dezembro 2018

Olá, viajantes!

Estou em falta com o blog mais uma vez, mas é por conta do meu mestrado, que anda ocupando todo meu tempo. Assim que as coisas se normalizarem por aqui voltarei ao meu ritmo normal de leitura e poderei trazer resenhas mais frequentes aqui para o nosso cantinho. Espero que vocês tenham paciência comigo.

Enquanto isso não acontece, venho trazer para vocês mais uma novidade do nosso autor parceiro, J. Modesto: conheçam Vampiresa, lançamento do escritor!

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TÍTULO: Vampiresa
ANO DE LANÇAMENTO: 2018
COMPRAR
SINOPSE: Amor! Por ele, uma Condessa foi levada a se tornar uma criatura das trevas. E, em meio a essa sua nova existência, transformou-se uma predadora fria e cruel. Contudo, séculos depois, a condessa se depara com alguém muito mais poderoso, que, munido de sua Katana e de venenosas estrelas de prata, vem dizimando os inimigos naturais de sua raça, e, agora, volta sua atenção para os de sua espécie. Mas aquele antigo sentimento, que custara sua humanidade, retorna com toda a força, ditando o relacionamento confuso entre os oponentes. Vampiresa é uma eletrizante aventura, que passa pelo Japão feudal, visitando a Idade Média, e chegando aos nossos dias. Imperdível!

Se interessou pelo livro? Abaixo vocês encontram um trechinho dele para aguçar ainda mais a curiosidade!


"A silhueta de um ser humanóide, agachada a sua frente, pareceu se agigantar, e seus olhos amarelados se destacaram em meio as sombras. Sua forma meio humana meio lupina ficou evidente, quando ele se ergueu, colocando-se de pé sobre as patas traseiras. Com um passo à frente, se colocou sob um facho de luz, vindo da iluminação pública, tornando-o completamente visível. Um rosnado forte e assustador saiu de sua garganta, e os lábios negros recuaram, deixando expostos os pontiagudos dentes, enquanto a saliva viscosa escorria por sua mandíbula, gotejando em direção ao asfalto. Seu tamanho facilmente atingiu dois metros de altura, acentuando ainda mais seu aspecto assustador e sua agressividade. Sem alternativa, que não o confronto, a vampira preparou-se para se defender, retribuindo a expressão ameaçadora."

Sobre o autor: J. MODESTO é um dos Ícones da Literatura Fantástica Nacional. Formado Arquiteto e Urbanista, pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, abandonou suas pranchetas para enveredar pela ficção. Dentre suas influências está seu maior ídolo, H. P. Lovecraft, seguido de nomes importantes como Bram Stoker, Stephen King, Anne Rice, Mary Shelley e Edgar Allan Poe. Seu romance de estreia foi TREVAS (2006), que teve uma grande aceitação do público. É também autor de Anhangá – A fúria do demônio (2008), destaque da Editora na Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2008, Vampiro de Schopenhauer (2012) e Joelma – Antes da escuridão (2014). Participou, junto com outros renomados autores nacionais, das coletâneas Amor vampiro (2008), Anjos rebeldes (2011) e Livro do medo (2012). Vampiresa é seu quinto romance publicado. 

Eu confesso que, como amo história com esses seres noturnos, tô bem ansiosa pra ler o livro. Alguém mais no meu time? Até a próxima postagem, e boa viagem pelos livros a vocês!