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[RESENHA] Anhangá, a Fúria do Demônio - J. Modesto

28 setembro 2018

Olá, viajantes!

Hoje trago para vocês mais uma resenha de um livro escrito pelo nosso parceiro J. Modesto, cheio de ação e batalhas de tirar o fôlego. Conheçam Anhangá, a Fúria do Demônio, e embarquem vocês também nessa aventura!

Anhangá - A Fúria do Demônio

TÍTULO: Anhangá, a Fúria do Demônio
AUTOR: J. Modesto
EDITORA: Giz Editorial
NÚMERO DE PÁGINAS: 246 páginas
SINOPSE: 300 anos antes do descobrimento, um naufrágio no litoral brasileiro traz para o mundo ainda não explorado um demônio que logo será conhecido pelos nativos como Anhangá. Um feiticeiro mouro, único sobrevivente da tripulação da nau que trouxe o demônio aprisionado, um poderoso pajé e guerreiros de tribos rivais formam uma aliança para derrotar a criatura, sabendo que a morte os aguarda!
 

   

Nossa história começa ainda antes do descobrimento do Brasil. Kaudemuns, um poderoso e ganancioso feiticeiro, queria dominar o poder total a qualquer custo. Para isso, decidiu que precisava de ajuda. Foi nesse momento que, munido de uma magia incontrolavelmente forte, deu vida aos Demônios Elementais, juntamente às Pedras Elementais, que permitiam ao feiticeiro controlar as criaturas. Mas a ambição de Kaudemuns fazia-o cego para qualquer outra coisa e assim, utilizando seu poder de manipulação, e demônio do elemento Terra conseguiu enganar o feiticeiro e libertar a ele e seus irmãos do encantamento. Desesperado, de algum modo o feiticeiro conseguiu fugir do golpe fatal das criaturas e fugiu, levando consigo as Pedras Elementais. 

Anos após o acontecido, o Demônio da Água foi, enfim, aprisionado em seu próprio elemento pelos guerreiros templários, ajudados por um mago mouro de nome Mohamed com uma magia poderosa. Os guerreiros, então, decidiram colocar a criatura em um navio e transportá-la através do além-mar, por onde acreditariam chegar à borda do mundo. Lá, eles pretendiam jogar o Demônio ao abismo, condenando-o à morte. Mesmo contrariado, Mohamed aceitou participar da viagem, para que pudesse ele mesmo manter a prisão da abominável criatura intacta. O que a comitiva não esperava era que o Demônio, ajudado pela água do mar, conseguisse libertar-se. O resultado foi a destruição total do barco onde se encontravam e a morte de todos os guerreiros. Apenas Mohamed conseguiu, milagrosamente, sair com vida.

Longe de toda essa confusão estão os índios Tupiniquins e Tupinambás, que mal imaginam, ainda, que serão jogados no meio do furacão com a chegada do Demônio em suas terras. Avisado por Tupã de um companheiro recém-chegado que poderia ajudá-los na luta contra a poderosa criatura, que já havia devastado várias aldeias e matas, um Pajé da tribo Tupiniquim receber Mohamed como o guerreiro que é e, junto aos índios sobreviventes, eles partem em mais um jornada perigosa para exterminar a temida criatura.

Anhangá, a Fúria do Demônio, é um livro cheio de intensidade. Diferente do livro anterior do autor já resenhado aqui no blog (vocês podem conferir a resenha nesse link), essa é uma narrativa que tem ação do início ao fim, literalmente. O autor nos brinda com uma história bastante particular em todos os seus elementos, mas extremamente envolvente, cujas leitura é fluida e tão rápida que fica difícil acompanhar todos os acontecimentos.

Narrado em terceira pessoa, o livro tem vários focos narrativos, que se alternam no decorrer dos capítulos. Isso é um estratégia interessante pois, como temos diversos personagens para acompanhar e entender ao longo do enredo, ver a história através da perspectiva de cada um deles, mesmo que estas personagens não sejam as vozes da narrativa, dá ao leitor a oportunidade de compreender o desenvolvimento não apenas destes protagonistas, mas também do enredo como um todo, com todas as suas implicações e intrincamentos.

Falando em personagens, assim como em Trevas, aqui o elenco é vasto. Temos o Pajé, o índio Acauã, Mohamed, o próprio Demônio Elemental, isso sem falar em todos aqueles que acabam por padecer nas batalhas (e de alguns, eu confesso, senti falta). O mais interessante e admirável em toda essa gama de personagens é que o autor consegue construir cada um com sua personalidade única e diferente de todos os outros. Não só através dos diálogos, mas também das atitudes de cada um, somos capazes de reconhecê-los e diferenciá-los sem maiores dificuldades. E nenhum deles é deixado de lado no enredo: todos tem sua função bem definida e fundamental para o desenvolvimento da narrativa e, até mesmo, o desfecho final. Alguns deles, como o feiticeiro Kaudemuns, não aparecem ao longo do livro, são apenas mencionados, e mesmo assim são indispensáveis à trama como um todo. Temos até uma aparição do Curupira, gente!

Aqui entramos em outro ponto fundamental e super positivo do livro pra mim: o cenário. O autor fez um trabalho incrível com esse livro! Como o próprio nome já diz, grande parte da história se passa em terras brasileiras, antes do descobrimento, quando as tribos indígenas ainda habitavam e eram donas dessas terras. O que leva o leitor a uma viagem incrível sobre os costumes, a cultura e toda a riqueza que envolve esses nossos antepassados. Temos nomenclaturas indígenas, cenários paradisíacos dos quais nem fazíamos ideia, temos rituais, celebrações e batalhas, tudo isso num complexo e intrincado enredo. A exaltação que o autor faz não apenas do país, mas dos povos indígenas, tão importantes na história do Brasil, é não apenas interessante como mágica e encantadora.

Agora o porquê das quatro estrelas, enfim: eu sei que esse não é o foco do livro e, apesar de o autor ter feito um belíssimo trabalho tecendo o cenário e as personagens, eu confesso que senti um pouco de falta de um pouco mais de aprofundamento nos costumes e na própria cultura indígena, além da questão dos templários, que são essenciais para a trama (temos um capítulo dedicado à explicação da fuga do Demônio, mas aqui eu estou falando da própria ordem). Mas, Patrini, isso não é um livro de história! Sim, galera, eu sei, mas eu sou extremamente curiosa, e se é pra realmente mergulhar em assuntos tão interessantes, ricos e encantadores quantos esses, eu gostaria de ir com tudo, de cabeça mesmo.

No entanto, esse foi um detalhe do qual eu, unicamente, senti falta. Em momento nenhum isso atrapalha a leitura ou diminui a grandiosidade da história aqui narrada. Eu adorei ter contato com essas culturas distintas, adorei a mistura do sobrenatural com o histórico que, mais uma vez, deu muito certo e trouxe riqueza e complexidade ao enredo, adorei mais ainda as batalhas épicas que foram travadas entre Demônios e humanos, que são de tirar o fôlego ao ponto de não conseguirmos desgrudar os olhos da leitura. Se você, assim como eu, curte livros cheios de ação, intensidade e surpresas, Anhangá, a Fúria do Demônio, é um prato cheio! Garanto que vocês não vão se arrepender da leitura. Boa viagem e cuidado: a criatura pode estar à espreita em qualquer etapa do caminho! Até a próxima postagem!