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[RESENHA] A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert - Joël Dicker

23 outubro 2015

Hey, pessoas!

A resenha de hoje é uma daquelas que eu já devia ter feito há algum tempo, mas mais uma vez precisei de um tempo para organizar meus pensamentos antes de vir aqui e relatar minhas impressões sobre esse título para vocês. Qual o livro responsável por toda essa surpresa? A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert, de Joël Dicker!

A verdade sobre o caso Harry Quebert

TÍTULO: A Verdade Sobre O Caso Harry Querbet
AUTOR: Joël Dicker
EDITORA: Intrínseca
NÚMERO DE PÁGINAS: 576 páginas
SINOPSE: Aos vinte e oito anos Marcus Goldman viu sua vida se transformar radicalmente. Seu primeiro livro tornou-se um best-seller, ele virou uma celebridade e assinou um contrato milionário para um novo romance. E então foi acometido pela doença dos escritores. A poucos meses do prazo para a entrega do novo original, pressionado por seu editora e por seu agente, Marcus não consegue escrever nem uma linha. Na tentativa de superar seu bloqueio criativo, Marcus decide passar uns dias com seu mentor, Harry Quebert, um dos escritores mais respeitados do país. É então que tudo muda. O corpo de uma jovem de quinze anos - desaparecida sem deixar rastros em 1975 - é encontrado enterrado no jardim de Harry, junto com o original do romance que o consagrou. Harry admite ter tido um caso com a garota e ter escrito o livro para ela, mas alega inocência no caso do assassinato. Com o intuito de ajudar Harry, Marcus começa uma investigação por contra própria. Uma teia de segredos emerge, mas a verdade só virá à tona depois de uma longa e complexa jornada. Um extraordinário livro de suspense, uma história de amor e um thriller excepcional, A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert escapa a todas as tentativas de descrição. Nada do que você leu antes poderia prepará-lo para este livro.

     

Eu tenho que confessar que possuo uma relação de amor com os suspenses policiais publicados pela Intrínseca. Nenhum deles, até então, me decepcionou. Foi essas estatísticas que eu comecei a ler A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert, mas eu jamais poderia estar preparada para o que encontraria ali. Joël Dicker não apenas escreveu um suspense de tirar o fôlego, ele revolucionou a literatura policial em um livro só! E não, eu não estou exagerando.

Neste livro somos apresentados a Marcus Goldman, um escritor em ascensão, que após vender milhares de exemplares de seu novo romance, cai em uma profunda crise: o bloqueio criativo simplesmente o impede de escrever uma linha sequer. Temendo ser processado por descumprir o prazo que acabou de assinar com uma das editoras mais importantes de sua cidade. É na tentativa de superar essa "doença" que o acometeu, Marcus vai para a casa de seu mentor, Harry Quebert, um dos escritores best-sellers mais famosos da época, para inspirar-se e conseguir entregar o original na data certa. O que ele não imagina é a reviravolta que o destino irá lhe preparar: além da descoberta recém feita sobre a vida amorosa de Quebert, Marcus ainda precisará lidar com o aparecimento do corpo de Nola Kellergan, uma garota até então desaparecida de 15 anos, enterrado no jardim da casa de seu mentor, junto a um original do livro que o consagrou como um grande e respeitado nome literário. Agora, Marcus precisará provar há todos que, independente de todas as provas praticamente direcionando para a culpabilidade de Harry, o homem que ele mais admira e que foi sua inspiração para a carreira de escritor é inocente.

Para começar a essa resenha, eu preciso que vocês compreendam o quanto este livro é diferente de todos os que já li: ele é inovador ao extremo. O que Dicker conseguiu fazer com esse enredo é realmente de tirar o chapéu. Ele não apenas colocou a dose exata de suspense dentro do seu livro, mas também soube dosar as explicações, não deixando pontas soltas em nenhum momento. Desde o início da narrativa somos completa e irreversivelmente tragados pelo enredo, envolvidos inteiramente naquela trama, presos por vontade própria a todos aqueles segredos e mistérios que rondam os personagens. Com uma escrita fluida, Dicker nos leva a conclusões, para então desmanchar todas as certezas que achávamos que tínhamos.

Um ponto extremamente forte é a agilidade com que tudo acontece dentro da narrativa. Num momento estamos tentando acompanhar todas as novidades que se desenrolam no enredo, e no seguinte já ficamos alucinados buscando uma explicação lógica para todos esses acontecimentos. A investigação tem seu desfecho racional intrinsecamente ligado ao emocional de Marcus, e isso é o que torna-a tão interessante. Todas as pistas colocadas pelo autor dentro do enredo, é impossível não tentar juntá-las e refazer o percurso do protagonista em busca da inocência de Quebert. O aspecto mais interessante no quesito investigativo é quantidade de elementos novos que o autor insere na trama, a todo momento: sempre que pensamos que o caso está resolvido, e que não existe mais nenhuma possibilidade não analisada, surgem indícios novos, e todas as suspeitas voltam a ser abertas. Isso, longe de ser confuso, é emocionante, é instigante, é impulsionador. Mexe com a nossa cabeça como leitor e coloca à prova toda nossa capacidade de raciocínio, uma das características que eu mais admiro nesse gênero em específico.

Marcus é um protagonista comum, na maioria dos sentidos. Mas sua perseverança e crença cega em Quebert o tornam até mesmo um pouco obsessivo, compenetrado intensamente no seu objetivo principal: inocentar seu mentor de qualquer acusação. Inteligente e perspicaz, o nosso mocinho vai até as últimas consequências para conseguir as informações que precisa. Quebert é um homem admirável, em todas as circunstâncias. Ele apoia Marcus incondicionalmente e acredita nele. Além de todo o sucesso que alcançou com sua escrita, Harry é sábio e indiscutivelmente convincente. É muito interessante acompanhar sua decadência no decorrer da narrativa: desde o momento em que Marcus descobre seu segredo mais profundo até o dia de seu julgamento final, passando pelo instante em que o corpo de Nola é encontrado, Quebert muda não só seu estado de espírito, mas sua capacidade de sentir-se otimista. Ele torna-se um homem abatido, desesperado, angustiado e triste, de uma forma quase irreversível; até mesmo suas relações de amizade com Marcus mudam drasticamente. É impossível não sentir compaixão pelo personagem.

Ainda no quesito personagens, é fundamental entender o jogo psicológico de que o autor se utiliza para construir os seus. Todos eles são extremamente complexos, bem formulados, aparentemente íntegros, mas sempre escondendo segredos nefastos em seu íntimo. Se existe uma frase que defina esse livro de uma maneira explícita é: ninguém é o que parece ser. Particularmente, posso dizer que esse é o detalhe que mais me cativou no livro. Tudo fica implícito no caráter de cada personagem, e cabe ao leitor ler nas entrelinhas e fazer seus próprios julgamentos, que podem desmoronar de uma hora para outra. Esse elemento é o responsável não só pelo maior envolvimento do leitor na narrativa, mas também pela efetiva veracidade do enredo, com personagens cheios de seus próprios demônios, e mais parecidos com nós mesmos do que podemos imaginar.

No início de cada capítulo temos diálogos entre Marcus e Quebert, nos quais o mentor dá dicas (ou regulamentos) para seu aprendiz sobre como chegar a ser um grande escritor. Essas citações são extremamente inspiradoras e cheias de ensinamentos que podemos até mesmo levar para a nossa vida pessoal. Foi uma sacada simplesmente genial do autor! A diversão do livro (sim, também existem momentos de descontração durante essa alucinada corrida pela verdade) são personificados na figura da mãe de Marcus, uma senhora muito protetora, que não consegue enxergar seu filho como um adulto. As conversas, em sua maioria por telefone, entre mãe e filho são hilárias, e em muitos momentos eu me peguei rindo de todas as preocupações exacerbadas da senhora. Com certeza essas passagens são as grandes responsáveis por uma certe leveza característica do livro.

A diagramação da editora está muito bem construída. Não encontrei erros de revisão, as páginas são amareladas e a fonte usada é agradável à leitura. Gosto muito desta capa, particularmente, ela segue a mesma linha de arte do outro título publicado no Brasil do autor, e é sempre bonito ter na estante essas combinações (não é um argumento muito válido, mas eu adoro essas capas parecidas rs).

Para terminar essa resenha, eu só tenho uma coisa a dizer: se ainda não conhecem A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert, precisam descobri-la! O livro é um daqueles que marcam para sempre a nossa caminhada como leitores, que ficam em nossa mente por um bom tempo, mesmo depois da última linha. A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert é uma obra prima, e precisa ser apreciada como tal! Me contem quais suas impressões depois de lerem! Até a próxima postagem!

Beijos!

2 comentários:

  1. Eu simplesmente A D O R E I sua resenha. ela descreveu totalmente o que senti lendo o livro. É assustadoramente bem escrito e maravilhoso esse livro. Parabéns pela resenha.
    Amanda.
    Uma-simplesleitora.blogspot.com.br

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  2. Eu me surprendi muito, até porque, antes de ler, já tinha lido criticas negativas sobre este livro. Mas ao terminar de ler, isso em 10 dias, percebi como é diferente sua abordagem sobre diversos temas, até mesmo para nosso período atual estar passando por varias "revoluções" ideologicas. Fui bombardeado por varias emoções de diferentes formas, até pelo motivo de conseguir me colocar no lugar de certos personagens, e isso acabou sendo um grande diferencial, mesmo tendo certos personagens sido pouco desenvolvidos. Mas, no entanto, foi uma leitura excepcional, e que me fez refletir muito, o que acaba sendo, de certa forma, o seu diferencial.

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