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[RESENHA] O Livro dos Negros - Lawrence Hill

16 julho 2015

Hey, pessoas!

A primeira cortesia da nossa parceira, Primavera Editorial, não poderia ter me surpreendido mais. Conheçam um pouco mais sobre O Livro dos Negros, de Lawrence Hill, e se emocionem comigo!

O Livro dos Negros

TÍTULO: O Livro dos Negros
AUTOR: Lawrence Hill
EDITORA: Primavera Editorial
NÚMERO DE PÁGINAS: 408 páginas
SINOPSE: O Livro dos Negros conta a história de Aminata Diallo, uma das personagens femininas mais fortes e marcantes da ficção contemporânea. Aminata foi sequestrada, ainda criança, na África, e vendida como escrava na Carolina do Sul. Após a Revolução Americana, ela foge para o Canadá e escapa da vida de escrava para tentar uma nova história em liberdade. O livro traz uma história que nenhum ouvinte e nenhum leitor esquecerão. O nome “O Livro dos Negros” se deu devido ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, ao fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram ao rei na Guerra e fugiram para Manhattan, no Canadá, em 1783. Apenas os negros que estivessem no Livro dos Negros poderiam escapar e conseguir sua liberdade. Aminata Diallo percorre toda uma longa trajetória com a finalidade de conseguir entrar no livro dos negros e conquistar sua liberdade. A obra, marcante e inesquecível, tornou-se uma miniserie de sucesso nos Estados Unidos. Dirigida e escrita por Clemente Virgo (The Wire) e protagonizada pela atriz Aunjanne Ellis e Cuba Gooding Jr., vencedor do Oscar em 1996.


Aminata Diallo é uma negra. E é mulher. E é, acima de tudo, uma guerreira. Aos onze anos de idade, Aminata viu seus pais serem mortos, enquanto ela era sequestrada e levada como escrava para a Carolina do Sul. A partir daí, sua vida foi uma sucessão de desafios, que ela precisou aprender a superar. Primeiro, necessitou atravessar a viagem no navio negreiro viva, independente das dificuldades que tivesse. Depois de colocar os pés em terra firme, mesmo enferma, teve que adaptar-se às exigências e aos novos hábitos de quem, agora, dizia-se seu dono. Lutou por sua vida bravamente durante várias ocasiões, suportou preconceitos e castigos que não merecia, sofreu perdas irreparáveis e teve seu corpo e alma marcados pela escravidão. Mas nem tudo foram vazios nos dias de Aminata: ela conheceu o amor, fez amizades duradouras e verdadeiras e ganhou o melhor presente que alguém pode conquistar: o conhecimento, através de seu próprio esforço e força de vontade. Ao longo do livro, acompanhamos Aminata em sua longa trajetória até a liberdade, em busca de sua identidade perdida, de seus costumes arrancados e de sua aldeia exterminada.

Forte, verdadeiro e estritamente necessário, é assim que eu definiria a obra de Hill. É importante deixar claro que os fatos descritos neste livro são fictícios, bem como suas personagens. Mas as situações enfrentadas pela nossa protagonista são verídicas até demais, infelizmente. Somos apresentados ao preconceito em sua forma mais intensa e cruel, e isso dói fundo na gente. Como leitor, como pessoa e, essencialmente, como ser humano. Todo o trajeto percorrido por Aminata é difícil, cheio de pedras duras e incapazes de não machucar pelo caminho. E o pior é que, quem conhece o mínimo possível a história, sabe que isso não foi inventado pelo autor: muitos negros passaram por essas atrocidades, simplesmente porque sua cor de pele era diferente daqueles que diziam-se dominadores do resto do mundo. É revoltante, repugnante, e incrivelmente real. 

As descrições de Hill chegam a doer, de tão palpáveis. Todas as situações são narradas sob o ponto de vista de Aminata, e fica completamente impossível ficar imune a todo sofrimento a que a personagem é submetida. A todo momento, nos colocamos na pele de nossa protagonista, e assim temos a verdadeira dimensão de sua coragem a bravura. O livro é cheio de episódios fortes e contrários a todo e qualquer tipo de humanidade, e o leitor fica incapacitado de mudar qualquer detalhe, qualquer julgamento feito é permanente. O autor escreve de forma a nos deixar de mãos atadas, e isso é o mais angustiante. Em diversas oportunidade eu senti vontade de abraçar Aminata, de pegar em sua mão e ir à luta com ela, apesar de saber que não poderia fazer isso. Torcemos pela protagonista do início ao fim do livro, sofremos com ela, rimos com ela, nos emocionamos com ela e, acima de tudo, aprendemos com ela.

Eu quero deixar claro que Aminata foi uma das personagens mais marcantes e complexas que eu já conheci. Sua leveza de espírito deturpada por todas as dificuldades sobre-humanas que ela enfrenta, sua capacidade de acreditar em seus ideais independentemente da situação em que se encontra, a forma como ela se doa às pessoas que ama, sua lealdade além dos limites, sua força, coragem e valentia que vão surgindo e sendo reveladas ao longo da história, tudo isso são fatores para admirá-la. Mas o que eu achei mais impressionante em Aminata foi sua capacidade inesgotável de sonhar: com a volta de seu marido e filhos, com o regresso à terra da qual ela foi tirada contra a vontade, com a liberdade de todos os negros que conhece pelo caminho, e até mesmo aqueles que nunca chega a conhecer. Aminata é uma guerreira indomável e é impossível controlar sua vontade de vencer. Quando finalmente tudo começar a dar certo em sua vida, depois de todas as feridas e cicatrizes que a escravidão deixou em sua pele, sentimentos uma simples e inevitável vontade de chorar: de alegria, de alívio, porque finalmente nossa protagonista terá a paz que sempre mereceu, mas nunca teve. Tudo que eu queria ao fim do livro era conhecer uma pessoa como Aminata, para que ela pudesse me ensinar o quanto é importante acreditar em si mesmo.

A diagramação do livro é simples e delicada, harmonizando perfeitamente com a pureza e beleza do enredo. A capa é linda e extremamente significativa, foi essa imagem que eu personifiquei como Aminata, e é sempre tão bom ligar o nome a um rosto que eu acabei me envolvendo ainda mais no livro por conta desse detalhe. É como se conhecêssemos intimamente a personagem, e a partir do momento em que a encaramos fisicamente, ela se torna ainda mais real em nosso pensamento e coração.

Para finalizar, preciso dizer que essa foi uma das resenhas mais difíceis que já fiz. Enquanto escrevia, lembrei-me de todas as personagens, da luta de cada um, e chorei mais uma vez, me comovi mais uma vez, quis voltar à leitura e mudar todo o sofrimento infringido aquelas pessoas inocentes. Minha primeira leitura em parceria com a Primavera Editorial não poderia ter sido mais produtiva. Em meu íntimo, posso dizer que vou lembrar dessa história para sempre, que ela me mudou e marcou-me por dentro, que tudo que eu aprendi com Aminata será levado pelo resto dos meus dias. Como leitora, ficou mais do que explícito que eu recomendo o livro, mas preparem-se: da primeira à última página, será impossível ficar imune a Aminata! Até a próxima postagem!

Beijos 

2 comentários:

  1. Olá Pati =D

    Sabia que ia aprovar! Como sempre, suas resenhas são surpreendentes e adoráveis.
    Este é um de outros da editora que li e amei. Aminata passou por várias coisas, mas nunca perdeu a fé e ganhou conhecimento e sabedoria ao longo da vida.
    Eu amei a forma da autora narrar, as vezes parecia cantigas e sempre começava com a personagem para depois falar de sua trajetória.
    Também me senti angustiada, queria entrar na história e modificá-la e isso, todo este preconceito, ainda é real, infelizmente...

    Amei, amei e amei!

    Beijos!

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